Meu filho pisa torto, o que fazer?
Dra. Fabiola Benetti – Clinica Médica São Vicente
Essa é uma preocupação constante, entre pais e familiares, manifestada no consultório.
Antigamente, e não faz tanto tempo assim, era frequente tentar corrigir deformidades dos pés com as famosas botas ortopédicas. Ainda é comum saber que os próprios pais a usaram durante a infância. Porém, se o resultado foi ou não satisfatório, isso depende. Um fator preponderante é o hereditário.
Começamos a notar em quem não usava as tais botas uma evolução semelhante, ou até melhor, quanto a formação da curvatura do pé, quando se comparada aos que usaram sapatos rígidos por um longo período, pois isso pode acarretar em uma atrofia muscular. Atualmente recomenda-se o oposto, no qual andar descalço em áreas irregulares como grama, areia e terra, ajudam mais no fortalecimento da musculatura intrínseca do pé, acelerando o processo de formação do arco plantar.
Então, será que não há nada a ser feito? Devo esperar? Até quando esperar?
Muita calma nessa hora. Estamos falando de pés planos fisiológicos, considerados normais durante a infância. E mesmo na fase adulta, ter um pé plano não é necessariamente um fator de mau prognóstico.
Normalmente nascemos com pé plano devido a maior frouxidão ligamentar associada ao acúmulo de gordura na região plantar (o típico “pé de bisnaga“). Após o 1º ano do bebê, quando iniciada a marcha, percebemos uma leve alteração do arco plantar. O término do seu desenvolvimento pode ser notado ao redor dos 6 anos ou mais, dependendo da criança. Então, é um longo caminho a ser percorrido.
Existem, porém, diversas deformidades dos pés associadas a outras alterações como: congênitas (a exemplo do Pé Torto Congênito, que muitas vezes pode ser diagnosticada mesmo intra útero), posicionais, neurológicas e pós-traumáticas. Muitos desses fatores são identificados pelos pediatras, que prontamente nos encaminham seus pacientes.
Nas crianças mais velhas, um sinal de alerta seria a presença de dor constante, deformidades aparentes, às vezes assimétricas, e perda progressiva do arco plantar, que pode ocorrer ao redor dos 8-9 anos.
Apesar da maioria dos casos ter necessidade somente de acompanhamento, ainda existem aqueles que precisarão de um tratamento com palmilha, gesso, fisioterapia, uso de órtese ou até mesmo cirurgia. Assim, é fundamental que ao ser visualizada qualquer alteração da marcha, a criança seja encaminhada e avaliada por um especialista.